Como o mapeamento e a valorização da economia das favelas revelam um dos mercados mais potentes do Brasil, transformando consumo, comunicação e a Creator Economy

No painel Quando a quebrada vira dado, a história muda, Clarissa Crisóstomo e Bruna Hasclepildes mostraram que falar de favela é falar de potência econômica e criativa — não apenas de carência. Dados inéditos da parceria entre Data Favela, CUFA e IBGE revelam a força desse território, que movimenta 300 bilhões de reais por ano, número superior ao PIB de países como Paraguai ou Bolívia.

Território que dita tendências e consome em escala
O levantamento mapeou mais de 12 mil favelas, onde vivem cerca de 17 milhões de pessoas, com projeção de crescimento ainda maior. Esses moradores não apenas consomem: eles criam cultura e lançam tendências que influenciam o mercado nacional e internacional. Marcas de beleza, moda e tecnologia já figuram entre as preferidas, e plataformas de e-commerce ganham espaço ao superar barreiras logísticas.

Empreendedorismo como força e necessidade
Com salários baixos e dificuldade de acesso ao emprego formal, 73% dos entrevistados acreditam que empreender é mais viável do que trabalhar com carteira assinada. Muitos iniciam negócios próprios, mesmo com poucos recursos, e usam benefícios sociais como impulso para empreender. A criação de conteúdo também surge como caminho: 52% dos creators periféricos têm metade ou toda a renda vinda da internet.

Influência que converte e exige valorização
A pesquisa mostra que creators de favela entregam engajamento e legitimidade, mas ainda enfrentam cachês menores e prazos de pagamento longos. Casos como a campanha da Lacoste, que incorporou criadores periféricos em toda a estratégia, provam que a co-criação gera conexão real e impacto de marca, ao contrário de ações “para gringo ver”, que podem ser esteticamente bonitas, mas não convertem.

Da carência à potência criativa
Mais que estatísticas, a favela é comportamento e inovação contínua. Reconhecer essa força é essencial para quem quer fazer negócios, comunicar com verdade e participar da Creator Economy brasileira. Quando a quebrada vira dado, ela deixa de ser invisível e passa a ocupar o centro das decisões estratégicas.