Funk no comando feminino: Progresso e protagonismo

Quando mulheres negras ocupam o centro do movimento, o funk deixa de ser só ritmo vira política, economia e projeto de vida; o painel expôs as batalhas por reconhecimento, segurança e autonomia
O painel Funk no comando feminino: Progresso e Protagonismo deixou claro que a presença feminina no funk não é tendência é resistência histórica. As conversas revelaram como dançarinas, MCs, pesquisadoras e empreendedoras transformam corpos e movimentos em narrativa política, enfrentando sexualização, estereótipos e um mercado que ainda remunera e reconhece de maneira desigual.
Do pertencimento à profissionalização
O funk aparece como espaço de apreço e pertencimento: quem nasce na periferia encontra ali linguagem, abrigo e identidade. Mas o painel mostrou que esse pertencimento precisa ser acompanhado por formação, estudo e estrutura para virar trabalho digno e carreira reconhecida.
Sexo, mercado e desvalorização
Mulheres negras no funk enfrentam dupla penalização: são hipersexualizadas e subvalorizadas comercialmente. A mesa trouxe relatos de quem produz com técnica e investimento próprio e, ainda assim, recebe menos oportunidades que criadoras brancas em formatos similares.
Política, violência e privatização
O debate foi contundente sobre criminalização e políticas públicas. O funk segue sendo alvo de perseguição e, ao mesmo tempo, vive processo de privatização e embranquecimento quando grandes players e agendas institucionais tentam apropriar-se da cultura sem dialogar com suas bases. A consequência é risco real à vida e à autonomia dos territórios.
Empreendedorismo como saída e afirmação
Da criação de coleções de beleza à oferta de cursos e produtos culturais, o empreendedorismo surge como estratégia para capturar valor e preservar identidade. Mas há consenso: é preciso apoio, cadeia de valor justa e reconhecimento institucional para que esse movimento seja sustentável.
O painel deixou uma chamada urgente: apoiar e ouvir as vozes negras que já cuidam, estudam e militam pelo funk porque proteger essa cultura é também proteger vidas e possibilidades.


