Código das ruas: Estética e futuro

Moda, identidade e resistência: como a cultura das periferias transforma tendências globais, ressignifica a moda e fortalece a Creator Economy a partir da vivência e da ancestralidade
O painel Código das ruas: Estética e futuro reuniu Jaqueline Leal, Will da Afro e Regina Ferreira para discutir como a estética das periferias molda o presente e projeta o futuro da moda e da criação de conteúdo. O encontro mostrou que a verdadeira inovação surge das quebradas — de suas histórias, saberes e códigos culturais — e que a moda é, antes de tudo, uma ferramenta de resistência e transformação social.
Vivência e ancestralidade como ponto de partida
Para Jaqueline, moda é movimento artístico e cultural que nasce da coletividade. Em seus desfiles no Capão Redondo, ela prova que a estética periférica é política e emancipadora. Will, com a marca Afro Perifa, reforça que cada coleção é um ato de afirmação, fruto de pesquisa e diálogo com a própria comunidade. Ele destaca que práticas hoje chamadas de upcycling e sustentabilidade sempre existiram nas favelas, muito antes de virarem tendência no mercado global.
Mercado e resistência
Regina, à frente da agência de casting Auto, leva essa potência para grandes campanhas, garantindo que modelos e profissionais negros tenham não apenas visibilidade, mas carreira contínua. Sua estratégia inclui formação, acompanhamento jurídico e orientação para que talentos periféricos ocupem espaços de forma estruturada, rompendo barreiras e evitando a exploração que marcou sua própria trajetória como modelo.
Da quebrada para o mundo
Os três reforçaram que as tendências nascem nas periferias e só depois recebem carimbo de “tendência global”. Do boné de crochê ao Brasil core, a indústria frequentemente se apropria dessas expressões sem reconhecer sua origem. A resposta é fortalecer redes locais, acessar editais culturais e usar tecnologia e inteligência coletiva para ampliar o alcance sem perder a essência.
Legado coletivo
Mais do que marcas ou coleções, o que move esses criadores é abrir caminhos para os seus: formar, empregar e inspirar novas gerações. O verdadeiro legado, afirmam, é garantir que a estética e a cultura da quebrada não sejam apenas inspiração, mas protagonismo reconhecido e valorizado na Creator Economy global.